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DIREITOS AUTORAIS

Todos os textos aqui publicados são autoria de Ala Voloshyn.
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domingo, 5 de dezembro de 2010

Ô, Coitado!


O coitado, aparentemente, é uma pessoa comum, mas não lhe pergunte como está, pois irá lhe responder com riqueza de detalhes. Seja qual for o assunto, ele sempre será a vítima da história e lhe contará tudo, mas tudo mesmo. Síntese não é seu forte, pelo contrário, gosta de relatar detalhes com toque emocional preponderante. Ele o envolverá em seu enredo e você já cansado de ouvir, mas sem coragem de interromper, lhe dará mais um pouco de atenção. Depois que o tempo se esgotar irá embora, sem lhe perguntar como você está, pois para ele o que importa é ele mesmo.
Geralmente sua saúde não vai bem. Pelo menos é o que diz! Dói aqui, dói ali, mas médico que é bom, nada! Se erra em alguma coisa, logo justifica com “eu não vi, tenho que trocar os óculos”; “mas você não explicou direito!”; “claro que você sabe, não preciso explicar de novo!”; “não tenho tempo para almoçar com você, tenho muito trabalho, sabe como é!?”. E assim por diante ele justifica sua omissão, preguiça, erro, enfim, nunca é o responsável, mas sempre tem um problema na manga para ajudá-lo numa hora em que precise se esquivar e se proteger e você, claro, é que é o errado, o nervoso, sem paciência e o maldoso. Entendeu?
Se não entendeu, posso explicar melhor. O coitado, é aquele que aprendeu que se usar a energia do outro economizará a dele. Aprendeu que se despertar piedade em você, neutralizará sua agressividade. Se tem uma tarefa para realizar, dará um jeito de envolvê-lo, pois tem pouco tempo e logo você o estará ajudando! Nunca tem dinheiro, mas sempre faz suas comprinhas e você se vira como pode sem lhe pedir um centavo, pois afinal, ele não tem dinheiro! É assim que ele economiza a própria força e usa a sua, se fazendo de coitado.
Já está desconfiando em que situação se meteu?
Se pensar direito entenderá tudo, principalmente se começar a desconfiar por que ele, que é o coitado da história, tem sempre energia para o que quer e você anda esvaído. Alguém economiza energia e alguém gasta mais do que deve e este é você, que acredita que o outro pode ser coitado 24 horas por dia (ele também não dorme direito!). Todos os dias! É o coitado de carteira assinada, é o coitado profissional! Você nunca desconfiou? Se não parou pra pensar nisto, realmente está em maus lençóis. Precisa entender a razão de acreditar tanto nestas histórias, pois são apenas histórias, deste nosso Ô, Coitado! Ou melhor, seu!

© Direitos reservados a Ala Voloshyn
Ilustração: Gorete Milagres, em seu personagem Filó, ô coitado.

2 comentários:

  1. Ala, querida, adorei seu texto é muito inteligente e divertido, adorei...... beijos...Cris.

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  2. Querida, Cristina, obrigada! Bom tê-la aqui!!
    Beijo.

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