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DIREITOS AUTORAIS

Todos os textos aqui publicados são autoria de Ala Voloshyn.
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terça-feira, 26 de julho de 2016

Depressão


  Talvez uma das experiências mais marcantes e aterradoras seja a depressão. Estado de ser que assusta pela sua força quando se manifesta. Não é tristeza, não é desânimo, não é desesperança, não é falta de sentido à vida, não é dificuldade de discernimento, não é medo da morte, não é medo da loucura, não é insônia, não é falta de apetite, não é falta de prazer, não é ansiedade. É tudo isso ou quase tudo isso, junto. É um esgotamento físico e psíquico, que dá estes sinais antes de atingir seu grau máximo, mas que muitas vezes não nos damos conta. Vamos tentando disfarçar, compensando com um prazer ou outro, mas é fato que, se não fizermos algo para mudar esta rota, um dia teremos que parar compulsoriamente pelo profundo desgaste, pela falta de forças para viver ou querer viver. 
  E por que chegamos neste fundo do poço? Os motivos são vários, mas talvez seja plausível dizer que por razões pessoais nos distanciamos do sentido da própria vida. Parece que por muito tempo não vivemos a vida que nossa alma precisa ou que vamos nos sobrecarregando, sem dar importância a nós mesmos. Vamos nos colocando de lado, enclausurando nossas vontades mais importantes, fazendo concessões, deixando tudo vir em primeiro lugar. Permitindo violências contra nós, nos deixando contaminar por pessoas e ambientes insalubres, sendo displicentes com nossa saúde em geral. Assumindo papéis megalomaníacos, que ilusoriamente nos colocam no topo da sociedade.  Não contando com os traumas emocionais que não conseguimos superar, deixando a alma doer.
  Quando a depressão se instala, não tem jeito, é preciso procurar ajuda profissional e aí pode começar um calvário se os profissionais escolhidos não forem o suficiente competentes e isto pode significar, conhecimento falho ou excesso dele, falta de sensibilidade, prepotência, despreparo emocional, enfim, se não houver competência tudo pode ser muito mais sofrido do que deveria. As pessoas que nos acompanham na vida, sendo parentes e amigos podem não ser os melhores companheiros nesta hora, por imaturidade ou falta de experiência no assunto. São poucos os que conseguem suportar a dor do outro e se solidarizar.
  Então, não querendo desanimar ninguém e já desanimando, só quero dizer que se você se vê em depressão e tem a sua frente um médico que não se interessa pela sua vida e pelas razões que o levaram a este ponto, se não olha nos seus olhos e lhe ouve, se tem um comportamento opressor, se não lhe dá nenhuma chance de procura-lo quando não se sentir bem com a medicação prescrita, procure urgentemente outro, seja ele um psiquiatra, psicólogo ou de outra especialidade que você tenha escolhido. Não se demore, procure quem lhe transmitir segurança, acolhimento e abordagem correta no seu caso. Os prepotentes que não se interessam por você e o veem como um caso típico, não conseguirão ajuda-lo.
  Mas o melhor mesmo é não chegar a este ponto e para isso é fundamental procurar viver a seu favor, dando-lhe espaço para escolher o que o faz se desenvolver, expressar seu intimo, se reciclar. Não deixe suas emoções aprisionadas dentro de si. Considere-as, para serem educadas, acolhidas, resolvidas, transformadas. Viva o que lhe faz bem, de verdade, não se coloque na obrigação de escolher um lado para ficar, escolha ser quem você é. Seja honesto consigo mesmo e terá coragem para se assumir. Não engula o que lhe faz mal. Deixe o outro ser como ele bem entender, releve, não se perca nele, siga em frente, apesar das decepções. Cuide-se, companheiro! Preserve sua saúde física, investigue os desequilíbrios. Ame-se. Não viva a vida em vão. Não espere a depressão chegar e intima-lo a viver a sua vida!
  Paz interna, companheiro! Paz!
© Direitos reservados a Ala Voloshyn

*Foto da Ilustração: Internet

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Tire as Rodas da Calçada

fonte: Internet

Moro numa rua bem movimentada. Toda hora é carro, ônibus indo e vindo. Os pedestres precisam tomar cuidado. Paciência é o que não pode faltar quando se quer entrar ou sair de carro. São claros os desafios de cada um!
Do lado oposto de casa há um prédio, com apartamentos e comércio de diferentes especialidades. Um dos comerciantes é o pivô da história que vou lhe contar.
Já fazia um bom tempo que encontrava um carro estacionado em cima da calçada de casa, muitas vezes o dia inteiro e em alguns finais de semana, inclusive. Certa vez, deixei um bilhete no para-brisa avisando que o carro poderia ser guinchado, pois calçada é para os pedestres. É previsível que não obtive sucesso com isso. Num outro momento perguntei para um vizinho se sabia a quem pertencia o veículo e logo soube que o proprietário era um comerciante dali.
Passado um tempo, ao sair de casa vi a cena de sempre e desta vez o comerciante. Não esperei e fui até ele perguntar se o carro que estava em cima da calçada era dele. Logo me respondeu com ar de pouco caso:
- Sim!
- Por que você deixa seu carro parado em cima da calçada? - perguntei.
Ele me olhou como se eu fizesse a pergunta mais idiota, de resposta mais óbvia que se poderia imaginar:
- Ué, porque é mais seguro! - respondeu de imediato.
Eu, acredite, não me espantei com a resposta, já supunha algo parecido. Só não esperava que fosse tão sincera.
- Mas e os pedestres? - continuei.
- Ora, tem muito espaço para os pedestres! - apontando para a rua.
Aí, não deu pra acreditar!
- Que espaço? - falei.
Pensei que aquilo não podia ficar daquele jeito e emendei uma observação:
- Você sabe que calçada é para pedestre? Não sabe que é proibido estacionar o carro em cima da calçada? Pode ser multado e seu carro guinchado?
Então ele me olhou com total deboche, sem acreditar que eu pudesse fazer algo naquele sentido.
Claro, que não deixaria a conversa morrer ali e não deixei:
- Se não sabe precisa aprender e sei como pode ser!
Saí andando e o deixei pensar o que bem quisesse. Sua reação poderia ser qualquer uma, não havia como prever! Mas sei que daquele dia até o momento em que escrevo já se foram sete dias e ele não deixou mais seu carro em cima da calçada! Se continuará assim, não sei, mas estou certa de que se voltar a fazer o que estava acostumado terei que partir para o plano B: ligar para 190.
Parece um caso trivial e sem importância, mas não é. Quantas vezes observamos algo de errado e não nos manifestamos, não damos um limite? Quantas vezes reclamamos para alguém, menos para aquele que deveria ouvir nossa queixa? Quantas vezes deixamos algo abusivo passar, porque não acreditamos que podemos impedi-lo?
Só quis dar um exemplo real, para reforçar que é possível sair do nosso omisso conformismo seguro e agir! Penso que é como numa partida de xadrez: dependendo da peça que movimentamos e da posição em que a colocamos podemos mudar o jogo. Isto é, tudo depende da nossa atitude. Se cada um tomasse conta do seu quadrante e agisse em prol do bem comum, não visando somente o interesse próprio, seria muito melhor viver em comunidade.
Não precisei fazer escândalo ou mostrar um poder que não tenho. Fiz apenas um questionamento e deixei claro que não ficaria indiferente, foi só isso e tudo isso!  

 © Direitos reservados a Ala Voloshyn

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