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DIREITOS AUTORAIS

Todos os textos aqui publicados são autoria de Ala Voloshyn.
Direitos autorais são protegidos pela Lei 9.610, de 19 de Fevereiro de 1968.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pelo Olhar

Chegará o dia em que não nos veremos mais
Não nos tocaremos 
Nossas palavras não serão ouvidas por nós
Não seremos quem somos
A impermanência mudará tudo
Pensando assim meu coração estremece
Aperta e dói
Não quero pensar nisto
Mas é em vão
Negar esta verdade não muda nada
Por isso melhor aceitar
E assim, a vontade de viver com mais atenção e intensidade chega forte
A vontade de olhar, sentir, ouvir, pensar, tocar, dizer
Impera
Aprendo que cada dia é único
Então não deixo passar
Meus olhos lhe dirijo o mais próximo que consigo
Para quando não formos mais quem somos
Sejamos capazes de nos reconhecer pelo olhar

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Que nos Nivela

Como vivemos?
Nossas cidades quase que completamente pavimentadas. Árvores escassas. Ar impuro e abafado. Carros aos montes a disputar um espaço que diminui. Nossa inteligência colocada à prova através de todos os problemas que enfrentamos, pois quem constrói desta maneira só pode ter sua inteligência questionada.
Vivemos como se estivéssemos à parte de tudo o mais que vive e respira. Passamos por cima deles com nosso egoísmo cego e tolo. Não enxergamos nada além de nossas conveniências e interesses à curto prazo. Tudo é pra ontem. A pressa nos consome, consumindo nossos corações que batem cada vez mais acelerados. Em busca de quê?
Que civilização é esta?
Cuidamos cada vez menos dos nossos filhos. Os conhecemos pouco, apenas esperamos que concluam o que não fizemos. Que herança temos a lhes deixar?
Predadores é que somos!
O mundo que enxergamos nada mais é que a extensão do que acreditamos e somos, desconectados de nosso coração/mente. Cada um cuidando de sua pequena vida, sem enxergar a vida próxima e com isso esbarramos uns nos outros sem nos olharmos.
Qual pode ser o resultado disto?
Quem tem mais pode mais. Quem paga mais fala mais alto. “Se estou pagando tenho direito!” Esta é a ética do momento.
Quem pode mais tem privilégios e se acha seguro de toda a miséria que construímos ao longo de todos estes anos.
E quem não pode como fica?
Quantas pessoas de valor incomensurável estão vivendo de cabeça baixa, pois não estão incluídas no grupo dos que podem mais!
E assim a injustiça mantém sua espada sobre a cabeça de todos.
Mas vêm chuvas intensas, terremotos, ventos absurdos! Medo, confusão, incertezas, perdas. Tudo que construímos aos poucos desmorona.
A segurança que tanto buscamos se desfaz a cada problema que temos que resolver.
Quem pode afirmar que está a salvo e distante do que vemos diante de nós?
Ninguém! Todas as garantias de proteção que implantamos não valem muita coisa quando a terra treme debaixo dos nossos pés, quando a água invade nossas casas, quando o vento derruba as árvores que não cuidamos, quando a terra desconhecida desliza levando consigo quem amamos ou bens que nos apegamos. Não sabemos o que fazer, a não ser pedir ajuda. E aqui já não faz mais diferença quem pode ou quem não pode. Todos estão no mesmo nível!
A natureza com sua idiossincrasia nos mostra que o equilíbrio entre tudo e todos é fundamental. Construir respeitando o espaço em que se está. Respeitar todos os seres viventes. Se relacionar com respeito pela vida de todos.
A natureza nos coloca em xeque, não como uma entidade superior e à parte, mas nos inserindo em seu contexto e nos iluminando a mente para que possamos perceber a verdade de que tudo está interligado, que dependemos uns dos outros e que toda escolha tem sua consequência. Ninguém está seguro se estiver fechado em seu núcleo egoísta e exclusivo.
Não acredito em castigo, mas em oportunidade para mudarmos a rota que estabelecemos.
Diante de tudo, a única coisa que nos consola é percebermos o melhor, a solidariedade.
Aposto na nossa capacidade de admitir que quanto mais isolados e ensimesmados, maior será nossa fragilidade e condenação.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn


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