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DIREITOS AUTORAIS

Todos os textos aqui publicados são autoria de Ala Voloshyn.
Direitos autorais são protegidos pela Lei 9.610, de 19 de Fevereiro de 1968.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Ô, Coitado!


O coitado, aparentemente, é uma pessoa comum, mas não lhe pergunte como está, pois irá lhe responder com riqueza de detalhes. Seja qual for o assunto, ele sempre será a vítima da história e lhe contará tudo, mas tudo mesmo. Síntese não é seu forte, pelo contrário, gosta de relatar detalhes com toque emocional preponderante. Ele o envolverá em seu enredo e você já cansado de ouvir, mas sem coragem de interromper, lhe dará mais um pouco de atenção. Depois que o tempo se esgotar irá embora, sem lhe perguntar como você está, pois para ele o que importa é ele mesmo.
Geralmente sua saúde não vai bem. Pelo menos é o que diz! Dói aqui, dói ali, mas médico que é bom, nada! Se erra em alguma coisa, logo justifica com “eu não vi, tenho que trocar os óculos”; “mas você não explicou direito!”; “claro que você sabe, não preciso explicar de novo!”; “não tenho tempo para almoçar com você, tenho muito trabalho, sabe como é!?”. E assim por diante ele justifica sua omissão, preguiça, erro, enfim, nunca é o responsável, mas sempre tem um problema na manga para ajudá-lo numa hora em que precise se esquivar e se proteger e você, claro, é que é o errado, o nervoso, sem paciência e o maldoso. Entendeu?
Se não entendeu, posso explicar melhor. O coitado, é aquele que aprendeu que se usar a energia do outro economizará a dele. Aprendeu que se despertar piedade em você, neutralizará sua agressividade. Se tem uma tarefa para realizar, dará um jeito de envolvê-lo, pois tem pouco tempo e logo você o estará ajudando! Nunca tem dinheiro, mas sempre faz suas comprinhas e você se vira como pode sem lhe pedir um centavo, pois afinal, ele não tem dinheiro! É assim que ele economiza a própria força e usa a sua, se fazendo de coitado.
Já está desconfiando em que situação se meteu?
Se pensar direito entenderá tudo, principalmente se começar a desconfiar por que ele, que é o coitado da história, tem sempre energia para o que quer e você anda esvaído. Alguém economiza energia e alguém gasta mais do que deve e este é você, que acredita que o outro pode ser coitado 24 horas por dia (ele também não dorme direito!). Todos os dias! É o coitado de carteira assinada, é o coitado profissional! Você nunca desconfiou? Se não parou pra pensar nisto, realmente está em maus lençóis. Precisa entender a razão de acreditar tanto nestas histórias, pois são apenas histórias, deste nosso Ô, Coitado! Ou melhor, seu!

© Direitos reservados a Ala Voloshyn
Ilustração: Gorete Milagres, em seu personagem Filó, ô coitado.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Who Wants To Live Forever?


Quem quer viver para sempre? Com o mesmo corpo físico, mesma personalidade, no mesmo lugar. Para sempre com os mesmos hábitos, defeitos e virtudes. Com o infinito ao seu dispor, com o tempo sem fim trazendo a certeza de que o amanhã existirá, e que terá mais uma chance, mais um pouco de vida sem nunca acabar.
Viver para sempre. Para sempre existir, quem assim quer? É confortável, mas também desesperador, pois nada muda, nada se transforma. O infinito aprisiona a mente que nada quer a não ser mais uma chance.
Somente a vida finita traz a certeza de que o amanhã pode não existir, que só existe o hoje para realizar e  a única chance está no agora. Chance de mudar, reparar, ampliar, aprender, sem adiar.
Mas parece que insistimos em viver como se nunca fôssemos morrer,  morrendo a cada minuto sem nada aprender, esperando que amanhã exista mais uma chance. Adiamos a vida e a perdemos sem desconfiar que a vontade ainda está adormecida esperando que algo a faça despertar. Não percebemos que este despertar é uma vontade de viver para sempre, desta vez não mais no infinito, mas na continuidade do transformar.
Quem quer viver para sempre? Desta vez no tempo finito, mas com o infinito desejo de crescer e se transformar a cada lição aprendida. Iluminar a mente, vencer as dificuldades e assim para sempre viver, sem demora, sem esperar por mais uma chance, pois transforma sua vida em uma chance de melhora.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

Ilustração: Obra de Salvador Dali.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um Tempo para Alguém

Tempos difíceis, todos dizem e afirmam. Não há tempo para nada, é só correria!
Assim passamos nossos curtos dias, mergulhados em tarefas e compromissos tentando atingir metas muitas vezes infundadas em nossa verdadeira realidade. Precisamos chegar a algum lugar que não almejamos, mas aprendemos a querer. Loucura total!
Não há tempo para ouvir, esperar, abraçar, refletir. Mas quem determinou isto? Nós mesmos. Por aprendizagem ou escolha, mas nós decidimos viver assim e não percebemos quem está a nossa frente.
Quanto tempo dedicamos a alguém? Precisamos de pouco, mas o suficiente para ouvir, sentir, responder. Geralmente tudo nos passa desapercebido, a não ser que venha como uma bomba através de alguma notícia catastrófica! Estamos perdendo nossa sensibilidade para o simples e verdadeiro.
Todos carentes de gente! Todos carentes de contato, de comprometimento.
Basta um pouco, uma parada, um perguntar “como você está?” Estou certa que a resposta virá! Então é só ouvir, se importar com a história do outro. Não importa que história seja, contanto que seja do outro.
Dedicar um tempo para a solidariedade, para aconchegar, dividir, dar uma opinião, desde que seja sincera e pronto! Está feito! Todos se sentem felizes, quem dá e quem recebe. É fácil, basta querer, basta dar valor ao que é natural e fraterno. Sem esperar recompensa, pois o que vale é se importar com alguém.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

Ilustração: Foto da Fundação das Artes de São Caetano do Sul

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pressa Absurda

Passos apressados
Coração acelerado
Respiração curta
Pressa absurda

Para onde vou correndo assim

Não sinto o gosto das coisas
Não enxergo quem está ao meu lado
Tudo parece insuficiente
E por isso corro mais

Preciso chegar primeiro

Não tenho tempo pra respirar
Não tenho tempo pra olhar
Não tenho tempo pra ouvir
Não tenho tempo pra me apaixonar

Assim perdendo meu tempo salto no escuro
E não encontro alguém pra me abraçar

Só assim lembro que não me dou tempo pra construir
Só assim lembro que perco meu tempo fazendo o que meu coração não pede

Meu coração sofre

Pela falta de limite
Pela falta de naturalidade
Pela falta de tempo pra viver

O tempo encurto
O tempo perco
O tempo não recupero
O tempo acelero

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um Jeito Estranho de Amar


Jeito estranho de amar
Misto de dor e prazer
Alegria e tristeza
Medo e solidão

De tanto amor o desejo de prender é maior
Prender pra não perder
Prender pra não doer

Quanto mais prende
Mais dor sente

Sufoca

Perde

Infinito sofrer

Quem assim ama não entende
Que amor não sente

 © Direitos reservados a Ala Voloshyn

sábado, 17 de julho de 2010

O Tempo Não Cura


O tempo não cura ferida aberta
O cuidado cura

É preciso limpar bem o local machucado
Até que toda sujeira desapareça
Colocar remédio e band-aid

Se for profunda precisará de alguns pontos também
A cicatriz ficará, mas a ferida não

O tempo não cura ferida aberta

Se não for curada infecciona
Cria pus
Aumenta com o tempo
Compromete o organismo
Tudo piora

O tempo não cura ferida aberta
O cuidado cura

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Brasil, Mostra sua Cara!"


Quem pode adivinhar o futuro?
Quem deseja adivinhar o futuro?
Todo aquele que deseja ver seu desejo realizado! É claro!
Em seu livro, Jesus Viveu na Índia, Holger Kersten, teólogo alemão, escreve de maneira primorosa quando se refere às nossas buscas e este trecho destaco aqui para começarmos uma reflexão: “Em todas as religiões as massas estão mais inclinadas à magia, aos milagres e garantias materiais que à essência espiritual, ao ethos. Querem que as coisas aconteçam para eles, não dentro deles.”
Sempre que buscamos heróis para realizarem nossos desejos, na verdade queremos algo para nós e esquecemos a importância daquilo que acontece dentro de nós.
Adivinhações, palpites, torcidas, orações, tudo para descobrir o futuro e garanti-lo, mas em vão. Agora todos sabem que a seleção brasileira não irá disputar a final desta Copa e que o Hexa ficará para mais tarde. E o que vemos como reação imediata? Frustração, raiva e condenação.
Aqueles que eram responsáveis pela realização das nossas expectativas e desejos de mais uma vitória, tornaram-se vilões.
Se a equipe que perdeu tivesse vencido a seleção da Holanda, com certeza seria ovacionada e todos aqueles jogadores seriam grandes heróis, mas como não foi o que aconteceu, os mesmos transformaram-se em traidores do nosso sonho.
Os mesmos! Exatamente os mesmos! De heróis para vilões!
E por que fazemos isto?
Porque queremos que as coisas aconteçam para nós e não dentro de nós, como escreveu Kersten!
Esquecemos que uma seleção revela exatamente os pensamentos, sentimentos e atitudes do povo que representa!
Como lidamos com perdas? Como lidamos com frustrações? Como lidamos com esforço? Como lidamos com medo? Como trabalhamos em equipe?
Parece que o que vimos, foi um espelho de nós mesmos, portanto, condenar, jamais!
Refletir, sim! Tentar entender por que desejamos que alguns nos trouxessem todos os nossos problemas resolvidos, sem que antes os resolvêssemos dentro de nós.
O mais importante agora é não transformar um irmão de pátria em inimigo.
O mais importante agora é não condenar este suposto inimigo para a absolvição de todos nós.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn
 

terça-feira, 29 de junho de 2010

Confiar

Confiar
Fiar
Tecer
Significados que se entrelaçam

Assim como um tecido
Tecemos o encontro

Para tecer é preciso antes fiar
E isto cabe a cada um


Seda
Algodão

Não importa

Atenção e dedicação
É o que importa

Respeitando a fibra
Com delicadeza
E precisão

No encontro
Entrelaçando os fios
Se faz o tecido

Nem meu
Nem seu

Nosso

Sua trama revela

A qualidade do tecido está nos fios
A qualidade dos fios está no fiar
A qualidade do fiar
Mostra a condição do confiar

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

domingo, 27 de junho de 2010

E Agora?


Agora estou bem
Mas não estava
Não sinto mais dor
Mas senti

Onde estavam aqueles que podiam me ajudar?
Onde estavam aqueles que podiam mudar minha história?
Onde estavam aqueles que diziam me amar?

Agora estou bem
Mas não estava

Quem podia me ajudar disse que fez sua parte
Mas não podia fazer mais

Fazer sua parte não basta
Todos precisam fazer sua parte

Apanhei
Chorei
Senti medo
Fugi

Mandaram-me de volta

Apanhei
Chorei
Senti medo
Morri

Onde estavam aqueles que deviam me ajudar?
Onde estavam aqueles que deviam acreditar em mim?

Agora não sinto mais dor
Agora não sinto mais medo

Mas e agora?

Até quando iguais a mim terão que pagar pelos erros de todos?

Fazer sua parte não basta
Todos precisam fazer sua parte

E agora?

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Saudade


Saudade

É como a onda do mar
Às vezes vem forte e derruba
Às vezes é suave e apenas toca

Saudade

Saudade de quem se ama
Saudade por não ver

Saudade

É uma alegria que está na memória
E uma vontade de ter ao lado
Quem não está
Mas chegará

A espera faz sentir saudade
De quem se ama
De quem não chega
Mas chegará

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fogão à Lenha da Minha Avó



Observando uma fogueira lembrei-me de minha avó, baba Anna. A chama robusta, sua cor, o estalar da lenha, seu cheiro característico. Tudo me trouxe de volta aquela mulher pequena na estatura, mas imensa em sua sabedoria e coração.
Lembrei-me do seu fogão à lenha e de suas panelas de ferro a cozinhar o alimento, que preparava com atenção e presteza. Minha querida baba Anna, quanta saudade! Saudade das histórias que contava para meu irmão e eu antes de dormirmos. Era expressiva e entusiasmada, sua voz era sempre suave e firme ao mesmo tempo.
Ela era ímpar. Sabia preparar boas conservas. Plantava, bordava, manejava o tear com precisão. Conhecia a natureza do dinheiro. Cantava, orava, abençoava. Soube defender a vida de seus filhos dos horrores da guerra até migrar da Ucrânia para o Brasil. Era carinhosa e ao mesmo tempo austera quando cobrava perfeição.
Incansável, dormia pouco e trabalhava muito. Sempre ao lado de meu avô, parecia que as dificuldades não a incomodavam, pois não reclamava, apenas trabalhava. Quanta saudade eu sinto da minha baba Anna!
Queria tê-la ao meu lado, ouvi-la novamente, sentir seu afeto e seu abraço. Quanta falta isso faz! Quanta falta uma verdadeira mulher faz num lar! É ela que mantém este lar aquecido e aconchegante. É ela que mantém a união. É ela que cuida da vida! É ela uma sacerdotisa a preservar o fogo que transforma  e mantém a vida por todo o tempo!
Foi o fogo que a me fez lembrar e aos poucos fui percebendo o quanto ela havia me influenciado com suas atitudes. Foi com ela que aprendi a gostar das flores e da terra. Foi com ela que aprendi a bordar observando-a com seus tapetes de sacos de batata. Foi com ela que aprendi a cantar, orar, lutar, abraçar. Foi com ela que aprendi como é ser uma verdadeira sacerdotisa, uma verdadeira mulher.
Minha querida baba Anna, como eu ficaria feliz ao senti-la novamente perto! Guardo sua foto, a cruz que deu para meu batismo. Guardo seu sorriso e seu brilho no olhar. Guardo-a em meu coração. Guardo-a em minha memória para que me guie nesta difícil tarefa de ser mulher. Sinto-me feliz por tê-la como um exemplo de força feminina.
O tempo passa e a consciência de sua importância em minha vida aumenta, alegrando-me a alma e despertando uma profunda vontade de ser como ela, uma sacerdotisa, uma verdadeira mulher.
Sinto-me feliz, em ter seu sangue em meu sangue, seu coração em meu coração!

       © Direitos reservados a Ala Voloshyn

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu Sou Rei

Eu Sou Rei
Eu Sou dono do meu poder
Eu Sou soberano em minha vida
Eu e minha vontade somos um
Eu quero
Eu posso
Eu venço
Eu julgo
Eu não me responsabilizo
Eu Sou
Nada pode me ferir
Faço tudo para me defender
Alcanço o poder
Para mais poder ter
Nada me atinge
A não ser um único bem
A Lei
Quando tenho que arcar com as consequências
Meu poder treme
Eu sofro
Mas não aprendo
Até a Lei me julgar
E me devolver o que criei
Minha coroa cai
E tenho que começar de onde parei
Meu olhar tenho que levantar
E enxergar mais do que posso criar
Minha criação não posso dividir
Meu reinado é só meu
E por isso cai
Pela falência de meu poder
Sofro
Mas tenho que renascer
Tenho que compreender a vida além de mim
Tenho que compreender que Sou Rei
Prisioneiro de mim


© Direitos reservados a Ala Voloshyn

domingo, 2 de maio de 2010

Cachorro Manso

Por que a docilidade é tratada como inferioridade?
Por que a mansidão é vista como fraqueza?
Desrespeitada,
Como um cachorro manso que recebe chutes e maus tratos.
É preciso sempre mostrar os dentes para ser respeitado?
Como cachorro bravo que ninguém ousa enfrentar?
Assim deve ser o manso?
Que mundo é este?
Onde todos reclamam da violência,
Mas não sabem ser mansos.
Mansidão não é fraqueza,
É mansidão.
Violência é fraqueza.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mãe


Quando seu ventre cresce e ela sente o primeiro fisgar e depois os movimentos cada vez mais definidos, percebe que dentro dela traz alguém, que não sabe como é seu rosto, mas que ama com toda a força de seu coração.
Uma mulher que até então não conhecia de fato o sentido de pertencer ao gênero feminino, compreende que Deus atua nela através de seu poder criador de ser mulher. Tudo caminha seguindo os desígnios da natureza e ela participa de maneira essencial. Muitos sentimentos experimenta. Medos de falhar a assombram, mas ela continua a desempenhar seu papel de mulher.
Quando finalmente pode segurar em seus braços aquele que gestava, mais sentimentos surgem. Ainda não sabe o que a espera, mas a natureza a preparou para esta tarefa que terá que realizar. De mulher em potencial ela se torna cúmplice da Criação e seu destino se define para sempre. Será mantenedora da vida e para isto direcionará sua ação como guerreira amorosa e atenta.
Mulher mãe, tarefa que a torna melhor, pois terá que aprender muito, para permitir que seu filho cresça bem. Terá que se modificar para não impedir que seu filho seja feliz. Terá que se transformar para que seu filho se transforme. E assim a menina, moça, mulher, mãe se torna. Será mais sábia, mais guerreira. Conhecerá o tamanho e a forma do amor incondicional.
É assim, que uma mulher se coloca mais perto de Deus.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn



Amigo


Ele é meu amigo
Poucas vezes o encontro
Mas muitas vezes sinto sua presença

É alegre
Misterioso também
Fala pouco
Mas quando fala eu o entendo
Ele me entende

Está sempre presente quando preciso de um amigo

Um amigo assim é sinal de sorte

Boa sorte

Um amigo que o vento não leva
Que o coração identifica e se alegra

Um amigo que chega silencioso
Trazendo em suas mãos o acolhimento
A paz que muitas vezes não consigo sentir

Mas com ele posso acreditar

Que a paz existe
Lá no fundo do coração

A aquecer o coração do meu amigo
A aquecer o meu coração
Quando nossos corações se reconhecem

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Sol Oculto

o sol que se mostra
o sol que se oculta
qual deles devo mirar?

quando a escuridão perturba meu pensar
quando a confusão espanta meu andar
não sei para onde olhar

mas meu instinto
nutre meu coração
e me orienta

diz que não há motivo para confusão
se o olhar atender ao chamado do altar
que mostra o mundo manifesto a borbulhar
no ferver do caldeirão
a transformar o que bruto estava em alimento que nutre

ao me alimentar desse guisado
meu olhar não se confunde mais
olha para o alto
e enxerga
o que oculto estava a brilhar no escuro

revelando

o confuso nada mais é
que um olhar para o manifesto
sem a percepção da luz solar

mas obscuro o sol oculto permanecerá
enquanto o olhar rígido e confuso ocultar
o que rege tudo
o que mantém o caldeirão a borbulhar
formando o guisado
que alimenta o andar

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

terça-feira, 6 de abril de 2010

Olhe Bem


Parando um pouco com as atribulações do dia e olhando em volta, pude reparar em algo que sempre foi evidente, mas ainda não tinha me dado conta: o quanto somos todos pobres e ricos ao mesmo tempo.
Você pode pensar que não é bem assim, mas se olhar melhor verá que tenho razão. Uns, com as reservas financeiras lá no pé, invejando quem não sabe mais onde enfiar seu dinheiro e como gastá-lo, pois o excesso sempre pede por escoamento! Por sua vez, estes, também sentem inveja, pois não conseguem sentir prazer em coisas simples como o outro que com pouco tem maior satisfação! Esta balança parece desnivelada, mas não está! Ela se mantém neutralizada pela lei da polaridade, que nos mostra que tudo o que está num extremo, tem seu oposto em outro extremo. Quem está rico externamente, mostra pobreza interna e quem está rico internamente está pobre externamente. Portanto, estamos todos no mesmo barco e ninguém pode dizer que está pior ou melhor, tudo depende do ponto de vista.
Também não se defende aqui a pobreza para sentir felicidade. O que quero dizer é que quando temos dificuldades pensamos que se estivéssemos em pólo oposto estaríamos melhor, mas na verdade isto não garante felicidade, mas nos mostra que estamos em desequilíbrio e precisamos resolver o que nos falta para atingirmos o caminho do meio, a Lei, onde temos em equilíbrio os extremos. Onde riqueza externa reflete riqueza interna e isto não se refere exclusivamente a bens materiais, mas à suficiência para se integrar ao tudo e ao todo e fazer parte. Ser um que se soma, se integra, colabora com a evolução.
Parece que fomos feitos para buscar estímulo e motivo para usar sempre os recursos internos já desenvolvidos e desenvolver aqueles ainda em estado de embrião. Modificar erros de abordagem e constatar escolhas corretas. E tudo ocorre neste palco que chamamos vida.
Hora pra cá, hora pra lá. O pêndulo da vida nos imprime um ritmo, que só os mais sábios sabem evitar, mas como não estamos aqui nos incluindo nesta espécie de pessoas, vamos seguindo nossa rota até alcançarmos sabedoria suficiente para sermos donos de nosso próprio destino.
Voltando para a pobreza e riqueza, podemos concluir que todos somos pobres em alguma coisa e ricos em outra. Ninguém aqui pode invejar, vangloriar-se, sentir-se seguro demais ou perdido, sem saída. Cada um tem seu quinhão de sabedoria e ignorância. Os meios e as circunstâncias nos revelam o que temos para aprimorar e o que podemos usar como ferramenta para evoluir e apurar nossa função nesta coisa que chamamos sociedade, cada vez mais atrapalhada na colheita de suas próprias escolhas.
Portanto, sem perder tempo com a inveja, cada qual que levante suas mangas e trabalhe por si, para poder ser alguém melhor, pelo menos, para servir de exemplo. Já é um bom começo!

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quinta-feira, 25 de março de 2010

Um Mercador


Um mercador
Que se veste de mestre
Ou um mestre que se veste de mercador

Quem pode saber

Os olhos não conseguem decifrar tamanha dúvida

Talvez alguém possa

As almas que comprou

Talvez elas saibam exatamente quem é

Mercador vestido de mestre
Ou mestre vestido de mercador

Somente as almas que acumulou
Podem dizer quem é

E as almas quem são
Ao pesarem quanto valem
Ao valerem quanto pesam

Mas que valor é este

Somente o mercador sabe

Mas o mestre sabe mais

Pois almas que se vendem
Não sabem o valor que tem

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

sábado, 20 de março de 2010

Outono



Querido Outono
Que bom que chegou

Estava com saudade

De sua brisa fresca
Do calor agradável
Das suas flores

De todas as cores das folhas
amarelo
vermelho
ferrugem

Adoro

Tenho vontade de escrever
Ler
Caminhar
Sorrir

Minha alma agradece tanta generosidade

Seu nome poderia ser suavidade
Simplicidade
Esperança também

Cada folha que cai
Reserva um lugar para outra que virá
Assim a morte se torna branda e renovadora
Assim me sinto feliz
Assim gosto

Adoro

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pelo Olhar

Chegará o dia em que não nos veremos mais
Não nos tocaremos 
Nossas palavras não serão ouvidas por nós
Não seremos quem somos
A impermanência mudará tudo
Pensando assim meu coração estremece
Aperta e dói
Não quero pensar nisto
Mas é em vão
Negar esta verdade não muda nada
Por isso melhor aceitar
E assim, a vontade de viver com mais atenção e intensidade chega forte
A vontade de olhar, sentir, ouvir, pensar, tocar, dizer
Impera
Aprendo que cada dia é único
Então não deixo passar
Meus olhos lhe dirijo o mais próximo que consigo
Para quando não formos mais quem somos
Sejamos capazes de nos reconhecer pelo olhar

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Que nos Nivela

Como vivemos?
Nossas cidades quase que completamente pavimentadas. Árvores escassas. Ar impuro e abafado. Carros aos montes a disputar um espaço que diminui. Nossa inteligência colocada à prova através de todos os problemas que enfrentamos, pois quem constrói desta maneira só pode ter sua inteligência questionada.
Vivemos como se estivéssemos à parte de tudo o mais que vive e respira. Passamos por cima deles com nosso egoísmo cego e tolo. Não enxergamos nada além de nossas conveniências e interesses à curto prazo. Tudo é pra ontem. A pressa nos consome, consumindo nossos corações que batem cada vez mais acelerados. Em busca de quê?
Que civilização é esta?
Cuidamos cada vez menos dos nossos filhos. Os conhecemos pouco, apenas esperamos que concluam o que não fizemos. Que herança temos a lhes deixar?
Predadores é que somos!
O mundo que enxergamos nada mais é que a extensão do que acreditamos e somos, desconectados de nosso coração/mente. Cada um cuidando de sua pequena vida, sem enxergar a vida próxima e com isso esbarramos uns nos outros sem nos olharmos.
Qual pode ser o resultado disto?
Quem tem mais pode mais. Quem paga mais fala mais alto. “Se estou pagando tenho direito!” Esta é a ética do momento.
Quem pode mais tem privilégios e se acha seguro de toda a miséria que construímos ao longo de todos estes anos.
E quem não pode como fica?
Quantas pessoas de valor incomensurável estão vivendo de cabeça baixa, pois não estão incluídas no grupo dos que podem mais!
E assim a injustiça mantém sua espada sobre a cabeça de todos.
Mas vêm chuvas intensas, terremotos, ventos absurdos! Medo, confusão, incertezas, perdas. Tudo que construímos aos poucos desmorona.
A segurança que tanto buscamos se desfaz a cada problema que temos que resolver.
Quem pode afirmar que está a salvo e distante do que vemos diante de nós?
Ninguém! Todas as garantias de proteção que implantamos não valem muita coisa quando a terra treme debaixo dos nossos pés, quando a água invade nossas casas, quando o vento derruba as árvores que não cuidamos, quando a terra desconhecida desliza levando consigo quem amamos ou bens que nos apegamos. Não sabemos o que fazer, a não ser pedir ajuda. E aqui já não faz mais diferença quem pode ou quem não pode. Todos estão no mesmo nível!
A natureza com sua idiossincrasia nos mostra que o equilíbrio entre tudo e todos é fundamental. Construir respeitando o espaço em que se está. Respeitar todos os seres viventes. Se relacionar com respeito pela vida de todos.
A natureza nos coloca em xeque, não como uma entidade superior e à parte, mas nos inserindo em seu contexto e nos iluminando a mente para que possamos perceber a verdade de que tudo está interligado, que dependemos uns dos outros e que toda escolha tem sua consequência. Ninguém está seguro se estiver fechado em seu núcleo egoísta e exclusivo.
Não acredito em castigo, mas em oportunidade para mudarmos a rota que estabelecemos.
Diante de tudo, a única coisa que nos consola é percebermos o melhor, a solidariedade.
Aposto na nossa capacidade de admitir que quanto mais isolados e ensimesmados, maior será nossa fragilidade e condenação.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Melhorou ou Piorou?

Às vezes fico refletindo em como é lenta nossa evolução e o quanto repetimos erros e sofrimentos sem pensarmos que talvez estejamos fazendo algo errado e assim podemos passar a vida inteira sem desconfiar que possa não ser golpe do destino, mas escolha.
É muito comum basearmos nossas ações em premissas erradas, sempre motivadas pela ignorância, é como olhar para alguma coisa na penumbra, o objeto é compreendido de forma distorcida ou incompleta e tudo o que fizermos daí em diante será fundamentado nestas distorções. Se a relação com o objeto não for alterada ele sempre parecerá nítido, enquanto na verdade, estará distorcido. Além do que, se ao olhá-lo as emoções estiverem em jogo, então a marca será imprimida em nossa mente e repetir a imagem ilusória e a emoção original será inevitável.
Toda vez que justificamos uma dificuldade pessoal através do que nos aconteceu no passado, claro, nos colocando como vítimas da situação por acreditarmos em lesões sofridas, devemos nos fazer uma pergunta: hoje estou melhor ou pior do que estava antes? Se a resposta for “melhor”, então não houve lesão e com certeza a premissa está errada e é preciso alterar a crença e por isso olhar para si de forma diferente. Se a resposta for “pior”, então se tem um bom trabalho de cura para realizar e é melhor não esperar muito tempo para fazê-lo.
Vivemos de contrastes neste mundo onde conforto demais é tão nocivo quanto dificuldades sem fim. Precisamos de um equilíbrio entre alegrias e tristezas, isto é, precisamos um pouquinho de cada para não desanimar em nossa jornada ou então acreditar que estamos completos e por isso não precisamos melhorar. Tudo é contraponto e necessitamos de estímulo constante para desejar evoluir.
O que vale é o resultado! Se algum sofrimento existiu nem sempre causou danos irreparáveis, tudo depende do que foi feito, das escolhas, da força do ego. Cada pessoa pode dar um rumo diferente ao mesmo assunto, por isso devemos verificar o resultado. Se ele for positivo, benéfico, então não houve dano, mas evolução e é isto que vale no final das contas.
A dor pode ser esquecida e a ferida curada quando reformulamos nossas crenças e para isto é preciso mudar nossas bases ignorantes. Podemos dizer que existe ignorância quando desconhecemos algo, quando sabemos com algumas distorções ou quando distorcemos a verdade por completo. E ignorância sempre gerará desejos e apegos pelo que gostamos e aversões pelo que não conhecemos, não gostamos ou não acreditamos. Tudo isso colocado em ação só pode resultar em sofrimento.
Melhorou ou piorou? Esta é a pergunta que eu lhe faço!
O que você fez com o que viveu? Transformou em dor ou sabedoria?

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

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