A não-violência só será uma prática verdadeira quando
transformarmos a violência que reside em nós, que exala dos nossos poros, que
impera nos atos, que vibra no olhar. E qual é sua origem? Qual sua razão?
Observando melhor só consigo enxergar que por traz de todo
ato violento existe muita impotência. Parece contraditório, mas não é. O
violento é incapaz de realizar seu objetivo por si mesmo. É incapaz de se
organizar, se frustrar, se relacionar, trocar, refletir. Essencialmente não se
esforça em melhorar, mas usa com imposição a energia do outro para se
satisfazer, faz dele seu braço direito, o conduz para onde quer através do
medo, opressão. Desrespeita completamente a individualidade, viola o direito de
se viver a própria vida, não enxerga limites, pois, a meu ver, não sabe como
construir, não acredita em si mesmo.
Se como sociedade, continuarmos buscando poderes no externo
não alcançaremos a realização dos próprios talentos e recursos e a desejada
cultura da não-violência ficará distante. Projetamos no outro nossa felicidade
e por isso não compreendemos quem somos. Frágeis nos tornamos e por isso
continuamos tiranizando, entristecendo, atrofiando quem invejamos e que na
verdade admiramos. Se cada um procurar vencer suas dificuldades e realizar o
que deseja pela sua potência não precisará agredir.
A não-violência fundamenta-se na autonomia, respeito pela individualidade,
compaixão, autoconhecimento, paciência, companheirismo e na consciência de que
tudo evolui e precisa de tempo e espaço para se desenvolver. Sua raiz não é
externa, é interna.
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