Não, não, eu não me distraio!
Não, eu não fujo de mim. Eu me olho. Eu me olho nos olhos. Não fujo, não!
Não, não, não me distraio. Não me distraio com barulhos do externo. Não, eu não me distraio.
Mesmo que pareça distraída. Não! Estou atenta. Eu me olho. Eu me escuto. Eu me sinto. Eu me penso. Eu não fujo de mim.
Meu Inferno... Ah, meu Inferno! Conheço bem! Tantas vezes estive lá! Também com medo, de não conseguir sair. Mas eu sempre saio. Assim como entro. Sem hesitar! Quando percebo, já fui. A vasculhar gavetas, subsolos, esconderijos. Facetas que não gosto, que não conheço. Mas estão lá, sempre a minha espera. Pra que eu as olhe.
E assim me olho. Me olho nos olhos. Não há como evitar. Não quero evitar.
Vou ao meu Inferno. Sei o caminho! Saio dele, porque conheço o caminho. Eu não fujo de mim. Eu não me evito. Eu me olho. Nos olhos. E cada vez mais me reconheço.
Me sei. Cresço. Me amparo. Não me envergonho de mim. Quanto mais me olho, mais me vejo!
Sou a bússola que me norteia.
*Ilustração: Colagem por Ala Voloshyn
© Direitos reservados a Ala Voloshyn
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