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DIREITOS AUTORAIS

Todos os textos aqui publicados são autoria de Ala Voloshyn.
Direitos autorais são protegidos pela Lei 9.610, de 19 de Fevereiro de 1968.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cansei


perto de mim
quero gente de alma fina
delicada
sensível

quero gente gentil
com senso de estética
equilíbrio
harmonia

quero gente com sorriso claro
olhar firme
fala alegre
coração repleto de sonhos pra construir

quero gente livre

pra poder me aconchegar
confiar
abraçar

quero gente sincera
humilde
pensante
esperançosa

cansei

de gente prepotente
vaidosa
cheia de teorias que não consegue colocar em prática
gente que não consegue ouvir uma crítica
que engana
trai
degola pra continuar respirando

cansei de gente que me pesa nos ombros
cansei de gente que crava seus dentes na minha jugular

cansei

quero gente de alma fina
delicada
sincera

perto de mim

cansei

 © Direitos reservados a Ala Voloshyn

Ilustração: Ikebana Sanguetsu


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

As Portas do Inferno Estão Abertas para Visitação


Quando o menininho chega para a mamãe e mostra seu desenho, ela logo diz para valorizá-lo: “é lindo!!”. O garotinho olha para ela sem entender a princípio o que aquilo significa, pois só queria mostrar o que estava pensando, o que havia percebido, o que sentia, mas gosta daquela expressão carinhosa e feliz. Até aí tudo bem!

Num outro dia ele desenha de novo e se esmera nos traços e corre para mostrar sua produção e logo ela novamente se alegra e exibe sua admiração. O garotinho já estranha menos, da mesma forma gosta da reação e este é um sinal de que as coisas começam a se complicar para o menininho.

Com o passar do tempo esta cena se repete e o pequeno logo aprende que obtém admiração, atenção e afeto ao mostrar ao outro algo que ele gosta. Mais um pouco ele se enrola!

A mamãe para incentivar seu filhinho sempre faz a mesma cara de que gostou, mas pouco pergunta para o infante o que significa seu desenho e assim ele aprende mais um pouco a repetir o que de início era espontâneo. Tentará reproduzir o desenho que pensa ter agradado, pois também se sente agradado. Pronto, o padrão começa a se instalar na cabecinha do menininho! Um padrão para agradar e se sentir bem. Aqui ele começa a prestar mais atenção ao outro que a ele. O outro se torna mais importante e aos poucos sem que ninguém perceba, ele vai se distanciando de si mesmo. Pobre menino!

Mas esta história não para por aqui, tem um agravante, a mamãe que às vezes é um pouco intolerante com suas frustrações maternas, pois se preocupa em educar bem seu garotinho, fica muito brava quando ele não faz o que ela acha que seria bom ele fazer, então emburra, e aquela carinha carinhosa e agradável que seu filhinho estava acostumado desaparece e o que era gostoso fica ruim. E assim este pequenino fica um pouquinho  confuso, não entende bem como estas coisas funcionam, mas como é espertinho vai aprender rapidinho que se fizer o que mamãe gosta, aquela carinha agradável voltará e ele se sentirá mais seguro! Pronto! As portas do inferno se abriram para visitação!

O menino crescerá e cada vez mais aprimorará sua capacidade de agradar e esquecerá uma palavra que é uma das mais importantes do vocabulário de qualquer um: “não”! E aí então as portas do inferno permanecerão abertas por tempo indeterminado para visitação! Nosso garotinho que começou bem entra numa enorme enrascada, sua capacidade de escolha fica muito comprometida e se nada fizer por si, será mais um a aumentar a fila dos desesperados, dos sem opinião, dos cover de alguém, dos patifes, omissos, infelizes. Um verdadeiro inferno!

Aquele lindo menininho com o tempo se transformará num homem pouco interessante, comum, só mais um homem a trocar sua capacidade de questionamento por um padrão. Será mais um a dizer o que o outro quer ouvir para obter dele aprovação e o que deseja, mais um a barganhar, enganar, fingir, mais um a não saber quem é, mais um a ser manipulado, mais um a manipular, mais um a não suportar uma crítica e mais um a morrer de medo de dizer “não”! “Não quero, não acredito, não concordo com você”! “Penso diferente, minha escolha é outra.” Cada vez que dizemos “não” estamos refletindo, escolhendo, modificando, dando fronteiras ao invasor, se defendendo, se responsabilizando pela própria vida e mais, contribuindo para a evolução do outro que na tentativa de encontrar resposta diferente terá que refletir, escolher, se transformar, aprender algo novo.

Este inferno que está aberto para quem quiser entrar pode ser diferente se o esforço pessoal for na direção do autoconhecimento e responsabilidade pela própria felicidade, destituindo o outro desta função.

© Direitos reservados a Ala Voloshyn

Ilustração: Teatro Imago Ensaio Vis Motrix

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Gentileza


gentileza requer
observação
inteligência
disposição para ação
delicadeza
capacidade de doação
nenhuma intenção de receber em troca

se algo quer
não é gentileza
é sedução

 © Direitos reservados a Ala Voloshyn


Ilustração: da Web

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